domingo, fevereiro 27, 2005

Vivam as compras!

Este fim de semana não quis reflexões.
Este fim de semana não quis introspecções, não quis pensamentos calados, caóticos, a roubarem-me a paz de espírito.
Não quis faces medonhas nem mãos desconfortantes.
Quis fazer deste fim de semana uma ode às compras, ao consumismo, uma viagem pelas montras, o meu cartão de crédito pulsava na mala!
Hummm, umas botas a 85€, últimos dias de saldos, dizia na montra. Ai sim, ai é? Não perco tempo nesse caso, estas botas são a minha cara e depois...umas botas dão sempre jeito e estas, são mesmo o que procurava para a minha saia de camurça! É o que sempre pensamos, não é? Que por milagre alguém colocou na montra o que nos fazia absolutamente falta, e ainda por cima o nosso número!!
Não resistir ao saldos é um fenómeno estranho, irritante e absurdo...mas não quis pensar assim.
Dei por mim a namorar as botas e pronto...comprei-as, senti-me um ser letal e impotente perante aquele chamamento.
Depois, não satisfeita...o que eu queria mesmo era ir à fnac.
Mas a fnac é longe de casa, tenho que andar tanto, meter-me no carro e percorrer auto-estrada.
Mas fui!
Adoro a fnac, porque a minha paixão são os livros e a música... mas o que eu mais gosto é do ambiente no café. Não sei porquê, ou talvez saiba...tanto anonimato...e depois, depois o café é óptimo e os bolos irresistíveis.
E gosto de começar a ler os livros que compro sentada naquele espaço, no meio daquele anonimato. E depois...é tudo mais do mesmo, porque toda a gente faz a mesma coisa e faz-me sentir em grupo, não isolada.
E a música...mais do que uma paixão, que sobressalta a alma e extenua o corpo, a música sabe ser calma e serena e torna a minha vida mais fácil.
Satisfeita com o meu sábado, regresso a casa...no caminho oiço os cd's que comprei e apetece-me regressar rápido e ver o Havana, que comprei...também em saldos!
E já agora, só mais uma pequena, porém importante curiosidade: já ouviram falar de Vonda Shepard eBaptista Bastos? Pois bem...ouvir uma e ler o outro...é uma combinação quase perfeita.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Dia D

Então a história é assim.
E houve um dia, houve uma hora, um minuto, um momento só, igual a todos os outros, em que me decidi.
Nada havia a esconder, nada a procurar, mesmo sem ter de encontrar.
Nada que desculpar, nada que justificar, nem razão para a clemência.
Não, eu estava lúcida, ou antes, assim fiquei quando por fim, a certeza chegou àquele fim de tarde em que estava em casa, deitada em cima do sofá, talvez adormecida, quase vestida, com a cabeça sobre a almofada e os cabelos soltos, os cabelos desfeitos.
Ele chegou.
Queria matá-lo o mais rápido possível.
Aproximou-se devagar, sem ruído. Era insuportavelmente doloro vê-lo respirar.
Eu era damasiado humana, uma coisa tão frágil, quase a quebrar. Sempre fora assim, mas agora mais, não num instante, mas lentamente, há muito que me matava lentamente, repetidamente.
Aproximou-se devagar, sem ruído, a evitar, como sempre, como todos os dias, não subitamente, uma irrisória repetição do dia anterior, e do dia anterior a esse.
Vai-te embora.
Vou-me embora?
Sim, vai-te embora.
Foi assim, tão fácil, é sempre fácil matar.
Nada mais por fazer, o fim por fim, sem mais, o fim a começar.
Onde havia dois, havia agora só um.
Porquê chorar se fora tão fácil assim? Chorei sem saber porque chorava, se de contentamento, se de dor, se de alívio por chegar ao fim, por não ter de continuar.
E uma paz grande tomou conta de mim e talvez tenha adormecido.

sábado, fevereiro 19, 2005

Sábado de manhã

Espreguicei-me.
O dia amanhecera.
Mais uma manhã de Sábado.
Chegara o mehor momento da semana, as manhãs de Sábado.
Numa manhã de Sábado tudo é possível de se idealizar, faço planos para o resto do dia, dois dias inteiros só para mim, que visão reconfortante.
As manhãs de Sábado são assim, prometedoras,limpas, quase transparentes, cheias de espaço e de silêncio.
E abro a luz.
Faço as pazes com os dias de semana e acredito que nada é impossível quando o que queremos está certo.
Nas manhãs de Sábado acordo sem saber como vai ser o dia e adormeço sem sonhar com quem vou sonhar.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Atchim!

Ora aí está! Conjuntivite!
Que coisa nada agradável; nariz entupido, garganta áspera, ouvidos a rebentar e para ajudar à festa olhos inchados e melados.

Atchim!

Moral da história: 37 euros deixados na farmácia.
Há lá dinheiro mais mal gasto?
E o pior de tudo é que não consigo por as gotas em mim própria e ainda não consegui treinar a minha gata a fazê-lo.

Poderia fazer uma dissertação sobre a minha mucosa nasal ou ainda sobre a minha mucosa lacrimal mas opto por me deitar com o desconsolo de não conseguir por umas gotas em mim própria....e sentir que por isso, só por isso, já precisaria de alguém.

Atchim!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Que raiva

A sério que tentei e de várias maneiras, as mais mágicas.
Mandei-o embora repetidas vezes dizendo alto, de pé em cima da cama, estendida no meio do chão: "Saia daqui!"

Que terrível dor se abriga no meu peito como se não encontrasse outro refúgio.

Quero tudo limpo, por estrear, até o desejo.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Infecção epidérmica

Ocorreu-me, de forma muito tímida, perguntar-lhe o que o fez mudar de ideias.
Confesso que me senti tentada...mas o meu lado mais pragmático não deixou.

Apeteceu-me chorar, mas limitei-me a rir.

Apetecia-me agora, fazer um retrato seu, um instantâneo no meu interior, para que a sua imagem nunca se perca, nunca fuja de mim.
Embora nunca tenha conseguido pôr em palavras aquilo que senti naqueles 2 dias, isso não é importante; eu sei e isso...é tudo.
Desse saber, desse conhecer, eu estou segura não haver tempo nenhum que apague.

Foi tudo tão veloz como intenso. Forte.
Subiu em flecha pela medula fazendo o coração parar e o cérebro explodir.

Se fosse um objecto, seria objectiva.
Mas como sou sujeito...só posso ser subjectiva.
Deito fora os métodos ciêntíficos, os tratados, as teorias...e envolvo-me nesta emoção...deixando a razão de lado.
e quis...confesso que quis...dar-lhe a conhecer toda a minha interioridade.
e tambem quis dar-lhe a conhecer o que provocou em mim.

Vou guardá-lo no meu cofre das lembranças imprecisas.
Fechá-lo à chave...e deitar a chave ao mar.


Lembra-se?
Poderia ter sido escrito hoje de tão presente que está.

domingo, fevereiro 13, 2005

Nunca acordar

Há noites em que me apavora a ideia de adormecer.
Estar acordada e estar a dormir são coisas tão diferentes que não se entende como se pode saltar de uma para a outra.
Tenho medo de adormecer e nunca mais voltar a acordar e tenho medo de não conseguir adormecer nunca mais.
Tenho medo de ficar apanhada entre a vigília e o sono e nunca mais voltar a separá-los, andar acordada como quem sonha, sonhar como quem anda acordada, existirem pedaços de sonho a meio da realidade do dia, não se desfazerem os contornos reais das coisas e no interior delas tudo ser feito de sonho.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Abre

Abre o teu coração e deixa-o ficar aberto.
Não é preciso que seja durante muito tempo.
Só para que algumas palavras possam passar, sair e entrar.


Free Counters
Free Website Counter