Fosse como fosse, soube pelo tom de voz. Soube mesmo. Não podia dizer do que se tratava, que forma de alongar as vogais ou interromper as frases; talvez numa certa impaciência da respiração ou num escorregar da língua nos erres. Se calhar, nalguma incerteza do pensamento, numa espécie de intensidade diminuída da atenção, embora o mais provável é que o tenha notado nalguma coisa impossível de explicar racionalmente na sua consciência, mas que a parte animal que conservamos, essa remotra astúcia, lhe anunciava. Soube mesmo. Não há detective melhor do que um ciumento.