domingo, dezembro 31, 2006

E que venha rápidamente o novo ano...

...fartinha deste. E que o novo ano não seja uma cópia medíocre deste que hoje acaba. E agora, se me dão licença, vou ao cabeleireiro. Tenho um reveillon para me entediar de morte.

O meu presente de Natal atrasado (vá, estou umas mãos largas)

O meu presente de Natal atrasado (sim, outro)

O meu presente de Natal atrasado

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Fora do pedestal

Aquilo de achá-lo com um corpo perfeito, um grego perfeito (dos de antes de Jesus Cristo, quando mostrar o corpo ainda não era pecado) Maria pensava-o nos dias em que estava mais apaixonada (os dias bons do ciclo) e quando os seus sentimentos (as hormonas) lhe perturbavam a visão. Naquelas alturas via-o branco, marmóreo, de uma beleza de estátua que tão rara é desde os tempos clássicos. Mas a imagem não era nem remotamente exacta. Nos outros dias era corrente e comum, sem bigode nem excessos. Perfeito, portanto.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

"Reconhecível, e só um bocadinho de nada diferente"

"Maria e os seus bocadinhos de nada". Ao ler pensou na solidão em que poderia ficar, teve terror de perdê-lo, sentiu a orfandade do seu caderno sem histórias, do seu crânio sem palavras a esvoaçar por aqui, e insistiu, quase como numa súplica. Leu o que escrevera como quem está de fora. Não havia vestígios de violência, estava intacto, e obviamente não havia nele nenhuma riscadela que não fosse sua e também nenhum apontamento que não fosse seu. Sentiu uma indizível sensação de bem-estar.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Flash

Depois, já nem sei como, depois das carícias e roupas arrancadas, o membro desse fotógrafo era uma teleobjectiva que me olhava por dentro, era um zoom que se encolhia e dilatava, era um olho de peixe que separava as minhas nádegas e as minhas algas e nadava nas minhas águas profundas e me tirava fotografias submarinas, de cavernas. Depois, com algo que eu sei branco, iluminou-me por dentro como um flash, em dois ou três disparos.
(é tarde da noite, não me julguem os pensamentos, por favor)

Cat Power

Logo mais, no cinema Batalha, Porto.
O novo álbum abre com:

A ausência

As palavras, mais que concentrá-la, distraíam-na, não a cativavam e esse silêncio fazia fervilhar todas as suas obsessões. Outra vez a palavra, a fatídica palavra. Obrigada então a ouvir o que dizia, ouvir os seus pensamentos, entrar na sua própria cabeça, conhecer tudo, está horrorizada. Melhor escrever qualquer coisa, não deixar esse silêncio tomar-se conta dela, da casa dela, do corpo dela, da boca dela.

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