sexta-feira, abril 15, 2005

Ventos encontrados

Quero continuar submersa nesta triste confusão mental, deixar que o cérebro não se concentre, não tentar dirigí-lo para nenhuma vereda de ideias ou recordações.
Mas deixo que imensas ideias flutuem, surjam, se desvaneçam a seu bel-prazer, misturando-se e modificando-se umas com as outras, como limando-se entre elas, num estado de vigília muito parecido com o sono.
Mas o que está em luta na minha cabeça não são imagens ou histórias, como nos sonhos. Mas frases, palavras, pensamentos soltos, lanças de ideias bicudas, ásperas, cortantes, combinações de sons que exprimem o que sinto e o que sinto não é claro, mas uma série de redemoinhos e ressacas contraditórias.

Espumas confusas à beira-mar.

Água a ferver.

Nuvem que se adensa antes da trevoada.

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