segunda-feira, julho 11, 2005

O meu enclave

Existem recordações, já de todo ineficazes, um vestígio indelével e perfeitamente inútil no meu cérebro.
Não consigo usar aquele apagador especial de neurónios para eliminar antigas memórias. Tudo continua instalado na minha consciência.
É certo que já não sinto aquela ansiedade adolescente, agora só de vez em quando suspiro.
Mas hoje, hoje a ânsia insensata voltou e eu, eu fiquei à espera com ansiedade. O meu coração bateu depressa, muito mais depressa do que os segundos do relógio, como bate um coração envelhecido, assustado antes de ser transplantado.
Não há forma possível de passar da afeição para o esquecimento: rosto que já não quero ver, nome que já não quero pronunciar, presenças incomodativas que preferia ausentes e apagadas da memória.
Sim, é o meu enclave.

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