domingo, julho 17, 2005

Afirmações nocturnas

Por vezes não sou dona das minhas lágrimas. Uma leve tristeza, a mais remota sombra de melancolia, um breve contacto com a solidão desencadeiam-nas, não me valendo qualquer esforço para as conter.
O mesmo se pode dizer do riso ou da gargalhada. Saiem-me com um ímpeto irreprimível, repentino.
E a crispação da raiva? Todas as rugas da impaciência?
Sou impulsiva em tudo, a falar, a alegrar-me, a ficar furiosa, a entusiasmar-me, na fúria ou no desprezo.
Outra peculiariedade é que mudo de feitio à noite. A noite torna-me mais enfática.
Com a noite perco o sentido do comedimento, que só recupero ao amanhecer.
Sou assim, exagerada então, e de palavra pronta, pouco polida, feita de pinceladas, aliás de pinceladas grosseiras, sem qualquer retoque.

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