domingo, maio 29, 2005

Maria

Maria fez mentalmente uma lista dos seus amantes como quem reza um rosário de desapontamentos. Com certeza absoluta que, por vezes, tinha desfrutado da vida com muitos deles.
Mas aqueles de quem ela mais gostara, infalivelmente, tinham-se ido embora, perdera-os nalguma curva da sua vida.
Imensas vezes, para não ficar sozinha, tinha-se resignado à companhia de homens que a faziam envergonhar-se de si própria. Fazia amor com eles como que de longe, nos dias em que sentia que o desejo era um impulso inadiável, mas não se entregava completamente.
Despia-se com vontade de fazer amor mas sem vontade de ser vista nua, com raiva de que alguém a pudesse ver assim, até com medo de que esses tipos andassem a contar a toda a gente que fizeram amor com ela.
Deixava-se montar pela frente e por detrás, mas esquivava-se a toda a tentativa de carícia muito íntima ou de beijo profundo.
Eles metiam-lhe um bocadinho de nojo até no momento em que sentia o orgasmo a aproximar-se. Até que enfim!
Depois ficava só à espera que eles acabassem depressa para poder ir lavar-se, para poder inventar um trabalho qualquer ou um encontro que a libertasse da obrigação da sua companhia.

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