segunda-feira, maio 15, 2006

O caminho da lógica

Começava a achar os sentimentos uma coisa ridícula. As pessoas, se conseguissem ser racionais, parariam de chorar nos enterros, de ficar emocionadas nos casamentos, de assistirem a baptizados e jogos de futebol. Ansiava ser como o doutor Spock, a personagem de uma série de televisão, que jamais tinha tido sentimentos diferentes da mera racionalidade. Nem se quer os mortos lhe inspirariam respeito ou compaixão, unicamente análise. O morto já não sente nada, pensou, portanto é inútil entristecer-se por causa dele; e os parentes, se choram por um morto indiferente ao seu choro, são ridículos, e se choram por si próprios, são parvos.
Orgulhosa do seu novo pensamento, decidiu deitar-se, despojada de paixões, suprimida de entusiasmo, rígida, prudente, ponderada à medida da razão.

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