quinta-feira, março 09, 2006

Parvoíces

No início as suas palhaçadas pareciam-me piadas, ficava com vontade de rir de cada vez que ele falava, eram como borbulhas de coca-cola, umas efervescências sem sentido mas agradáveis de ouvir por um bocado, de sentir as suas leves cócegas na garganta e a sua vaga espuma entre os tímpanos. Até que, saciada de carícias, reparava que estava a falar a sério, o parvo, quando dizia as suas parvoices redondas, as suas vazias bolhas de sabão de babas. Não, não se armara em parvo, como eu pensava no início, era mesmo um parvo.

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