A requintada tensão
Os lábios não são suficientes. O ar que sai da boca, repleto de palavras, não chega. Os quatro lábios encostados que formam ventosas, válvulas hidráulicas, intercâmbios de gérmenes, mordidelas, rumores de sucção, tudo isso não demonstra nada. Procurar nos beijos e nas palavras uma demonstração, a incrível coincidência de ela o amar ao mesmo tempo que ele a ama. Alguém pode garantir que os dois pensam na mesma coisa quando um casal está a beijar-se? Os olhos ficam fechados e poderia dizer-se que o mundo, para os dois, se resume às suas bocas. Mas existem vermes que roem a certeza do beijo: a dúvida, o medo, a desconfiança.
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