Valerá a pena pensar nisto?
Deveríamos ser, com as pessoas próximas, tão indulgentes e imparciais quanto somos com aquelas que não nos tocam directamente.
Deveríamos conseguir perdoar tão facilmente a traição do próprio parceiro como fazemos no caso dos outros. Um amigo conta-nos que traiu a mulher e nós compreendemo-lo. Até nos rimos e apoiamos. Também estimulamos as amigas a terem de quando em vez um caso. Mas ai! se for o nosso parceiro quem fizer a mesma coisa!
Do mesmo modo, em casa, não suportamos que falte gelo no copo de água, que o garfo esteja torto e a faca sem fio, que o nosso irmão assoe o nariz em público e que a nossa mãe diga uma parvoice ou revele um segredo estúpido à cerca da nossa infância. Mas na casa dos outros não nos importamos com o garfo torto, a faca romba, a água morna, nem com o irmão ranhoso nem com a mãe burra, desde que seja o irmão e a mãe de outra pessoa.
Somos, de facto, duros e moralistas com as pessoas que escolhemos para ficar ao pé de nós.
Desculpamos as grandes traições que se fazem aos outros, mas não desculpamos nem as pequenas que nos fazem a nós.
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