Na cama e doutras camas
Ela começou a falar numa outra noite, de barriga para cima na cama, de mão dada com ele, falando rápida e nervosamente, como sempre, exagerada, como sempre, exaltada, como quase sempre. E ele ao pé dela, atento às suas palavras, à espreita das suas histórias, remexendo nas lembranças dela como um mineiro, desejoso de saber tudo tintim por tintim, como é hábito, e também, como sempre, sofrendo com as palavras dela, com a contagem dos seus casos de cama contados na cama, evocados na cama, como sempre. No palco da cama, despidos os dois, de mãos dadas, continuavam a falar doutras camas, das camas em que ela se tinha deitado acompanhada, como sempre.
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