Insónia em frente ao espelho
Em noites de insónia olho-me no espelho e vejo com ódio as olheiras azuladas acentuadas, os papos nas pálpebras, o cabelo despenteado, duas brancas que teimam em ganhar terreno ao cabelo preto. Leio a pauta da minha testa e vejo que reproduz a letargia de um adante, um adágio tristíssimo e sem brio. Faço uma careta de desprezo, ao mundo, a mim própria, e forço-me a dormitar alguns minutos, tarde na vida, no crepúsculo do meu corpo, sob quase luz fresca da manhã.
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