E porque me apetece, este vai sem título
Só depois das duas da manhã é que reparou que não tinha comido, não tinha lido, não tinha feito nada. Tinha-se distraído com a música suave de Lizz Wright, a mesma música, vezes sem conta, música profunda sim, triste e trocista, frívola e sensual, tudo ao mesmo tempo. Mas mais do que escutar, a sua vida tinha-se reduzido, durante essas horas, a esperar. Sou estúpida, pensou Maria, antes de mudar de roupa para ir dormir, enquanto escovava os dentes, sou estúpida.
Pôs Ilya a tocar, como num acto de reconciliação impossível e adormeceu. (Bem, não adormeci, porque ainda estou aqui, mas parece-me estúpida a ideia de permanecer aqui e não levantar-me como uma mola para me deitar e por essa mesma razão, e porque fica bem no fim do post dizer que Maria adormeceu, dá-lhe um ar de Coitadinha-da-Bela-Adormecida de Banda Desenhada, adormeci, embora, repito, não tenha adormecido).
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