Alguém me ouve?
Assim começou a falar Maria. Desatou a falar sem parar, deixava sair um fluxo interminável dos seus lábios e garganta. Como uma caçadora de cobras, como uma vendedora de pomadas, como uma encantadora de serpentes: Estou farta de estar aqui, farta, preciso de ver gente, de ver o dia, preciso, sobretudo e acima de tudo, de falar. Alguém me ouve? Com atenção exarcebada, com paixão, com interesse, como quem ouve uma série de ameaças, de perigos cifrados, como quem, pelo rádio, capta os códigos de batalha do inimigo?
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