Lados opostos
Por um tempo resolveram experimentar um pacto de liberdade mútua: Tu fazes o que quiseres com as tuas partes e eu igual, dissera qualquer um dos dois ou os dois ao mesmo tempo. De tempos a tempos um dos dois não estava em casa, mas fora, e nenhum dos dois sabia onde. Cada um imaginava o pior, embora nenhum dos dois quisesse agora outras experiências; iam ao cinema, visitavam amigos esquecidos, desses que o amor arrasta para um segundo plano. Mas cada um deles, por seu lado, imaginava o pior desses encontros silênciosos, não anunciados nem explicados porque eram livres. Cada um por seu lado se aborrecia, exercendo, cada um, a sua nova liberdade acordada. Já não confiavam um no outro, a confiança desvanecera-se completamente e até ir ao supermercado era um sinal de deslealdade.
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