Renovada curiosidade
A esta altura já todos os meus leitores desapareceram. Nado à-vontade neste oceano, enorme, sem perspectivas de terra à vista. Não sei o que sinto aqui sozinha, respiro com força pelo nariz e pela boca, como depois de um longo mergulho no mar. Os olhos avermelhados, a pele congestionada, o rosto lívido, uma expressão de medo. Este espaço já não me pertence, agora era preciso ficar à espera, à espera de senti-lo, esse defunto insepultado, este espaço que deixei adormecido. Observo-o. Conserva em parte o encanto. Não sou capaz de ir-me embora pelos próprios meios. Se fosse capaz, tudo seria mais fácil e eu não teria de me esforçar para fazer o que não quero: deixá-lo.
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